A distinção dos (não tão bem) escolarizados

A discussão política é enfadonha. Encolerizada por alas extremamente opostas, a razão muitas vezes se perde em factoides aleatórios que sugerem apenas o rebaixamento de um figura ou outra – o que, de fato, não ajuda em nada a compreender os meandros pelos quais passam as ações dessas pessoas que ocupam determinados postos públicos com nosso voto.

Hoje, deparei-me com uma curiosa situação: um ex-aluno, sagaz na arte de não faz nada em sala, tirou uma foto com sua filha no colo, que punha a mão no cabelo de um determinado ex-presidente, sentado à mesa. Na foto posterior, uma graça do político com este ex-aluno, ao passo de uma fala que não remetia a desculpas pelos parcos fios puxados, mas a um gracejo infantil de idólatra.

O que me incomoda é uma certa curiosidade: ao lado deste político, uma horda de conhecidos cuja escolarização foi marcada por altas dificuldades e por quem observamos ter necessidade de aprofundamento cognitivo para gerar seus argumentos. Em épocas anteriores, ao som de batucadas e coros inebriantes, dois lados políticos viralizavam seus encantos por um e ódios por outro. No entanto, em um lado da questão, apareceram muitos mecanismos de desinformação e de geração de factoides baseados no desconhecimento de seu público e na insurgência pela oposição.

Tantos rostos conhecidos, tão próximos e tão distantes. Ao observá-los, pensou-se que só poderiam ser esses a fazerem parte de tal circunstância. Alguns (até em boa quantidade) despiram-se da vergonha alheia e voltaram a cerca sobriedade – limitada, é verdade; outros, porém, regozijam-se com besteiras e lacrações que fogem de focos de discussão, aparentemente pelo puro prazer de odiar o outro.

A distinção concedida por políticos a tais diligentes sempre me soou – e continuará soando, até que se prove o contrário – à manutenção da massa de manobra tão necessária a certos entes públicos. Isso os faz permanecer em evidência, mesmo quando os holofotes esquecem de suas existências. De qualquer modo, os fios de cabelo que ficaram na mão daquele bebê poderiam simbolizar a permanência das ideias retrógradas nas mãos das gerações vindouras graças aos intermediários não tão bem escolarizados que temos por aí.

Ainda bem que o bebê ainda está apenas na fase sensório-motora.

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