O dia 8 de janeiro de 2005 foi crucial para a vida de Lucas: último momento dentro da instituição que o acolheu por quatro anos para o desafio de formar-se no Ensino Superior. Ao longo da caminhada, os percalços, as virtudes, os textos, as discussões, as provas e as constantes conversas colaboraram na formação profissional do autor. Ontem, 13 de setembro, quase 20 anos depois, houve um encontro com acadêmicos do mesmo curso frequentado tempos atrás.
A proposta do 19º Literartes – Clube de Leituras Artísticas foi promover, por meio do tema entrevista de emprego, uma discussão a partir de um texto literário entre os acadêmicos e a professora Lúcia Regina da Rosa, coordenadora do Curso de Letras. Para tanto, Lúcia convidou o autor para o debate, tendo em vista que o texto escolhido foi Dançando no meio da rua, que faz parte da coletânea de contos Não estou falando de amor, lançado em 2021.
Após a apresentação do evento e de Lucas para o público, sucedeu-se a leitura do conto, por meio das vozes de três acadêmicos: enquanto uma encarnava o narrador, outros dois viveram os personagens que protagonizam a história. Entre arremedos de leitura, entonações cativantes e gostosas explanações, o texto chegou ao seu final e – mesmo a proposta sendo uma livre discussão sobre o texto – passaram às perguntas a Lucas, que necessitou realizar o evento à distância, em virtude dos temporais que acometeram Porto Alegre e a região metropolitana.
Diversas questões pertinentes à produção deste texto e de outros fora evocadas. Entre alguns destaques, a relação da opressão proporcionada pelas empresas e a revolução por meio do amor – dado o destino dos personagens que se conhecem após uma entrevista para um grande colégio da capital – foi apresentada por uma estudante; outra tratou sobre a autoficção e os efeitos na escrita criativa, entre o suporte para as mensagens e a necessidade de falar sobre a vida por meio de si. Adiante, muitas perguntas foram realizadas para reconhecer quem é o escritor e sua produção num todo.
Num dos momentos mais emocionantes do evento, a Ir. Marta Maria Godoy, outrora professora do Unilasalle sob a alcunha de Margaret Godoy, pediu a palavra e proferiu diversos elogios ao trabalho do escritor, cuja comoção era visível aos presentes. Lucas foi estudante dos componentes de Línguística II, Língua Portuguesa I e II, sob regência de Margaret, nos anos de 2001 e 2002, logo antes de, devido a questões pessoais, a professora decidir viver num convento. O escritor respondeu aos carinhos da professora com a mesma sensação que o envolveu no estudo da língua ministrado por ela, divagando sobre a língua, suas potencialidades sociais e, numa instância maior, sua eterna possibilidade de reencontrar o que a vida melhor traz.
Para além de um encontro que tratasse sobre escrita criativa, literatura, leitura e possibilidades, o encontro serviu para que os acadêmicos tivessem a oportunidade de conviver por duas horas com um ex-estudante da minha instituição que a deles, que percebessem novas possibilidades para o seu desenvolvimento pessoal e profissional e, por fim, para lembrar que todos somos feitos daquilo que vivenciamos no cotidiano – as marcas deixadas pelas pessoas e pelos lugares sempre estarão conosco.