Num surto de curiosa criatividade, o autor embalou a escrita de um álbum que misturou duas peças criadas junto à Alma Ópera Rock. Com dez anos de diferença entre elas, estabeleceu-se um elo temático e estético, aproximando a adolescência de seus males e suas virtudes, mas não sem retocar o lado trágico que afeta essas vidas desde tal tempo. As cores da escuridão e seu peso pela trágica história de Hugo e seus fantasmas, associados ao trauma da perda da mãe ainda pequeno, uniu-se à A parede no fim, cuja história versa sobre a falta de olhares para determinados grupos e pessoas – o que também leva a finais terríveis.
O álbum, assim, chamou-se The colorsof the wall in the end of the darkness.

Na tentativa de encontrar elos entre as narrativas, as músicas versam sobre um protagonista que se sente perdido e disponível a tudo para achar suas verdades. No entanto, os caminhos pelas drogas interrompem a passagem leve e tornam cada passo um fardo a ser carregado.
HÁ UMA PAREDE ENTRE NÓS
Ao som da rádio que emana em nossos corações
Não há certeza de que o mundo seguirá aberto:
Apenas o injusto segue o caminho bem esperto
E passa limpo por todas as nossas opiniões.
Mas a vida não é assim, meu caro:
Há uma parede de alto valor em nossa frente.
Precisamos suplantá-la e ter o corpo valente,
Para que o fim não seja algo apenas raro.
Agora vá, siga o caminho que te elevará!
As ondas sonoras não nos deixarão de lado.
Pense no melhor que a vida nos deixará, Para que eu não te veja novamente sentado.
TOME UM AR
Os vazios da vida nos cercam dia e noite.
Rumar para casa, chegar antes da meia-noite
Às vezes pode parecer tão óbvio, tão certo,
Mas há muita gente que não te quer por perto.
Há sinais de que a vida passará em breve.
O barulho dos carros incomoda a cada passo.
Seu cérebro está pleno, virado em aço,
Mas seu coração não está cada vez mais leve.
O mundo não pensa se estamos bem ou mal…
O mundo relaxa enquanto cedemos ao umbral…
Tome um ar, não queime no horizonte!
Há muito tempo para correr e vibrar!
Tome um ar, reduza teus pensamentos!
A gente quer uma vida sem desalentos…
Seguirá firme, forte, ao alto – e confronte
Toda forma que te deixe sem ar!
A porta da casa está fechada para tudo.
Não há conversas ou sonhos realizados.
Tudo o que pensava se foi agonizado
Na partida de suas memórias de veludo.
O mundo não pensa se estamos bem ou mal…
O mundo relaxa enquanto cedemos ao umbral…
Tome um ar, não queime no horizonte!
Há muito tempo para correr e vibrar!
Tome um ar, reduza teus pensamentos!
A gente quer uma vida sem desalentos…
Seguirá firme, forte, ao alto – e confronte
Toda forma que te deixe sem ar!
Tome um ar, não queime no horizonte!
Há muito tempo para correr e vibrar!
Tome um ar, reduza teus pensamentos!
A gente quer uma vida sem desalentos…
Seguirá firme, forte, ao alto – e confronte Toda forma que te deixe sem ar!
A MELHOR FESTA DO MUNDO
Você não sabe, mas todos convidados.
Para quê?
Para a maior festa de todos os tempos.
Aha, uhu! Aha, uhu!
Agora você já sabe, não há o que fazer.
Por quê?
Porque você irá para a maior festa de todos os tempos.
Aha, uhu! Aha, uhu!
Todos estão sentados na sua sala,
Transitando mensagens e fotos
Pelas telas dos super celulares.
Você não quer estar presente,
Mas anseia (demais) que ela esteja lá
E possa te libertar desta penumbra!
Aha, uhu! Aha, uhu!
Vamos sair desta reunião em meio à sala!
Vamos partir para a melhor festa do mundo!
Os gritos, os beijos, os afagos,
As dores, os tapas, os sentimentos não realizados –
Tudo é água e sonho e tempo
Para uma vida tão desregrada!
Aha, uhu! Aha, uhu!
Aha, uhu! Aha, uhu!
Os sons da sala já revelam a grande festa!
Os desejos do dia serão teus retalhos na noite!
E ela estará lá, cheia de prazer para dar…
Aha, uhu! Aha, uhu!
Todos partem em sonhos e desejos,
E você leva seu maior amigo (inimigo, querido):
Os remédios que toma escondido!
Aha, uhu! Aha, uhu!
As luzes brilham intensas nos teus olhos!
Você vê cada beijo, cada toque passando,
Mas só tem olhos para o incerto!
Aha, uhu! Aha, uhu!
Vamos sair desta reunião em meio à sala!
Vamos partir para a melhor festa do mundo!
Os gritos, os beijos, os afagos,
As dores, os tapas, os sentimentos não realizados –
Tudo é água e sonho e tempo
Para uma vida tão desregrada!
Ô-ô-ô, ô-ô-ô!
Teus olhos começam a ver um futuro vazio…
Sua mente brinca de ser gentil…
Ela está passando por ti tão veranil…
Ô-ô-ô, ô-ô-ô!
Mas não o que fazer, meu irmão:
Pega tuas pílulas, te afoga na escuridão!
É o melhor para não se viver…
Aha, uhu! Aha, uhu!
Vamos sair desta reunião em meio à sala!
Vamos partir para a melhor festa do mundo!
Os gritos, os beijos, os afagos,
As dores, os tapas, os sentimentos não realizados –
Tudo é água e sonho e tempo
Para uma vida tão desregrada!
E ela te verá caindo em desgraça
E pensará no que a vida lhe propõe: Uma paixão por alguém que não se recompõe…
QUANDO AS OUTRAS VOZES FALAM
Saído da escuridão, cedo da noite,
Uma voz atraca em minha mente.
Não há visão nova que siga em frente,
Enquanto qualquer luz me afoite.
A imagem descomunal é ingrata.
Revela os segredos mais abjetos
Da história de uma vida apática
E repleta de cores sem afeto.
Ela me diz para largar o que é bom,
Pois o preço é caro e me custa o dom…
Quando as outras vozes falam,
Eu silencio de forma tão mordaz.
É meu próprio ser que se desfaz
Toda vez que elas sorrateiras chegam.
O que eu quero é poder me livrar
Para assim ter como respirar
Uma vez mais, sem maior dor –
Pois a vida me espera com amor.
Outra voz (eu conheço) chega sozinha,
Dizendo que a menina da vez era minha.
No entanto, carrega meu maculado coração
Para tão longe que me deixa sem ação.
Ela me diz para parar, que é hora de partir,
Mas de que adianta assim eu ir?
Não há mais nada que eu possa fazer?
Será que no mundo eu só tenho a perder?
São tantas perguntas para pouca vida…
Eu não quero partir com a mente doída…
Quando as outras vozes falam,
Eu silencio de forma tão mordaz.
É meu próprio ser que se desfaz
Toda vez que elas sorrateiras chegam.
O que eu quero é poder me livrar
Para assim ter como respirar
Uma vez mais, sem maior dor –
Pois a vida me espera com amor.
Eu mereço mais do que apenas barulho!
A vida nos traz muito mais que orgulho!
Fecha o som do teu ouvido e foque em si,
Pois assim o mundo não andará por aí.
Quando as outras vozes falam,
Eu silencio de forma tão mordaz.
É meu próprio ser que se desfaz
Toda vez que elas sorrateiras chegam.
O que eu quero é poder me livrar
Para assim ter como respirar
Uma vez mais, sem maior dor – Pois a vida me espera com amor.
MILHÕES DE MOTIVOS PARA TE VER
As luzes da noite refletem o caminho
Que brilha obscuro por cima de nós.
Quem é na vida que desfaz os teus nós?
Quando teu céu será teu próprio ninho?
A minha força ainda é tão desconhecida.
Teu rosto enrubesce quando nos vemos.
Toda vez que sonho com o abraço que queremos,
Lembro que tens apenas o caminho de ida…
O que você quer que eu faça por amor?
Será possível te tornar encantador?
Tenho milhões de motivos para te ver!
Nem só de ilusões vivem nossos corações.
Uma vez que eu queira algo para viver,
Providenciarei no impossível todas as reuniões
E lá chegaremos à verdade: vamos andar juntos
Para que amar e viver sejam de vez nossos assuntos.
O teu encanto vai além das palavras
Que zelam por tua beleza tão profunda.
As águas que descem no que lavras
São tão límpidas que minha alma inunda.
Eu só quero estar ao teu lado, por favor!
É mais do que hora de provar o nosso amor!
Tenho milhões de motivos para te ver!
Nem só de ilusões vivem nossos corações.
Uma vez que eu queira algo para viver,
Providenciarei no impossível todas as reuniões
E lá chegaremos à verdade: vamos andar juntos
Para que amar e viver sejam de vez nossos assuntos.
Tenho milhões de motivos para te ver!
Tenho milhões de motivos para te ver! Agora é só aguardar o amanhecer…
UMA MULHER, UMA MÃE, UMA MENINA
Quem diria que, no auge da memória,
As três pessoas seriam então uma só?
Quem diria que, em meio à tensão,
Apenas uma me diria o que é verdade?
Uma mulher valente, em meio à dor,
Corre em minha direção e grita para mim:
“Vá! Não espere mais nada!”
Para assim eu correr ao infinito.
Uma mulher conhecida (é a sua mãe!)
Corre em minha direção, me dizendo verdades:
“Acorda, menino, que amanhã será um novo dia!”
Para assim eu levantar e buscar algo mais.
Uma menina vem em minha direção silenciosa,
Me olha nos olhos, tão salientes, e diz:
“Será que você pode pegar esse ursinho?”
Para assim eu esticar meus braços até ela.
Quem diria que, no auge da memória,
As três pessoas seriam então uma só?
Quem diria que, em meio à tensão,
Apenas uma me diria o que é verdade?
Uma mulher se vai da minha mente,
Usando as roupas que um dia não foram suas
Para me dizer, de tão longe, o que eu já sabia:
A vida não procura alguém sem amor.
Minha mãe se despede aos prantos,
Segurando minha mão em meu leito,
Para me dizer algo sobre o que eu já sabia:
A vida só vai me trazer raiva – sem amor.
Aquela menina me deixou seu ursinho,
Acariciando meus olhos e minha alma,
Para me dizer que ele estava acordando
Para me trazer tanto amor quanto vida.
Quem diria que, no auge da memória,
As três pessoas seriam então uma só?
Quem diria que, em meio à tensão,
Apenas uma me diria o que é verdade?
Que verdades são essas que seguem sozinhas
Em meio aos traumas e às verdades?
Que mundo é esse que não liga pra gente
Enquanto buscamos formas inexatas?
Quero vencer essa solidão tão intensa!
Mas a luz é tão distante e serena
Que deixa meus olhos cegos de desejo
De que o rumo seja totalmente diferente…
Quem diria que, no auge da memória,
As três pessoas seriam então uma só?
Quem diria que, em meio à tensão, Apenas uma me diria o que é verdade?
BLECAUTE
Sentamos juntos pela primeira vez
Num banco de um jardim do passado.
Não sei se foi um momento de insensatez
Ou se era meu pensamento repassado.
Sorrimos alegres, como na infância,
Quando corríamos sozinhos pelo parque.
Em meio ao carinho e à elegância,
Senti tua mão – e parti rumo ao embarque…
Seria um sonho ou um raio de felicidade
Que estoura e destrói toda a maldade?
Ainda há tanta vida por aí, meu amor,
Não há silêncio que vença nosso carinho.
Um blecaute na solidão – mira meus olhos:
Podemos vencer juntos com mais sabor!
O céu é estrelado, sem qualquer vizinho,
Para nos distrair de nossos trambolhos.
É um sinal para que possamos seguir…
É um sinal para que possamos seguir…
Em meio à escuridão eu te acariciei com os dedos,
E assim ficamos, prezando pela nossa luz.
Afinal, de que adianta elevar nossos medos
Se, no fim, a gente só carrega a própria cruz?
Assim eu puder redescobrir os meus sonhos,
Tão escondidos dos meus anjos risonhos!
Seria um sonho ou um raio de felicidade
Que estoura e destrói toda a maldade?
Ainda há tanta vida por aí, meu amor,
Não há silêncio que vença nosso carinho.
Um blecaute na solidão – mira meus olhos:
Podemos vencer juntos com mais sabor!
O céu é estrelado, sem qualquer vizinho,
Para nos distrair de nossos trambolhos.
É um sinal para que possamos seguir… É um sinal para que possamos seguir…
A HORA DE VENCER A PAREDE
É hora de vencer a parede no fim!
É hora de avançar sobre nossos sonhos!
Não há mais nada que possa nos superar –
Apenas a noite e seu sem-fim de mistérios.
Eu me debato dia e noite com pílulas,
A fim de me permitir vencer uma vez.
Afinal, de que adianta eu me perder de novo,
Se meu coração insiste nessa luta?
Mas minha mente não colabora tão fácil.
É preciso da pílula outra vez.
Engulo uma, duas, três – e assim vou
Vivendo tudo para conseguir vencer!
É hora de vencer a parede no fim!
É hora de avançar sobre nossos sonhos!
Não há mais nada que possa nos superar –
Apenas a noite e seu sem-fim de mistérios.
Quando o barulho me desengana,
Eu sinto meu corpo cair – um chão duro
Me recebe como num só golpe
E me lembra do quão frágil eu estou.
A parede no fim é muito alta para vencer.
Eu preciso de força – o que não há por aqui.
É claro que quero sair de uma vez,
Mas preciso de mais remédio para viver…
É hora de vencer a parede no fim!
É hora de avançar sobre nossos sonhos!
Não há mais nada que possa nos superar –
Apenas a noite e seu sem-fim de mistérios.
Oh, meu amigo, vamos viver! (para sempre!)
Não há mal algum por aqui! (nenhum mesmo!)
Olhe para si, pense na gente! (e eu estou aqui!)
Eu quero te ver mais feliz! (sempre com a gente!)
É hora de vencer a parede no fim!
É hora de avançar sobre nossos sonhos!
Não há mais nada que possa nos superar –
Apenas a noite e seu sem-fim de mistérios.
Não há mais nada que possa nos superar –
Apenas a noite e seu sem-fim de mistérios.
É hora de vencer a parede no fim! É hora de avançar sobre nossos sonhos!
TRANSPOSIÇÃO
Até que, muitas horas depois, o sol nasceu.
Os líquidos escorridos começam a secar,
As pessoas já não estão mais na festa,
Tudo começa a voltar ao seu lugar.
O hospital parece tanto o seu quarto.
A maca é confortável como sua cama.
Seus olhos pesam de cima a baixo,
Enquanto sente que alguém lhe ama.
O perigo já passou, meu amigo,
Agora é hora de viver!
O que seus olhos viram na noite
Não serão páreos para além da parede!
Um imenso futuro se agiganta,
Para o qual viver é fundamental!
Vem, pega a minha mão,
Vamos caminhar pelo horizonte!
O que a vida quer da gente é coragem,
Já dizia o velho poeta, por escrito.
Nunca foi o que te faltou, é verdade,
Mas também não era tua virtude.
O momento é de olhar para frente,
Seguir o caminho do próprio coração.
Se você está aqui para seguir com a vida,
Aproveite a nova oportunidade – não será renovada!
O que seus olhos viram na noite
Não serão páreos para além da parede!
Um imenso futuro se agiganta,
Para o qual viver é fundamental!
Vem, pega a minha mão,
Vamos caminhar pelo horizonte!
O perigo já passou, meu amigo,
Agora é hora de viver!
O que seus olhos viram na noite
Não serão páreos para além da parede!
Um imenso futuro se agiganta,
Para o qual viver é fundamental!
Vem, pega a minha mão, Vamos caminhar pelo horizonte!
AS CORES PARA ALÉM DA ESCURIDÃO
Então a parede ruiu em sua frente
E ele pode transpassá-la, apesar das dores.
Os caminhos são feitos de suor e sangue,
Principalmente quando não restam certezas.
O horizonte é dourado e cheio de luz,
Mas que caminhos ele apresenta para já?
O novo momento é espaço de paixão e desejo,
Mas também de cuidado e atenção.
Não deixe teus passos se guiarem por um lado.
Tudo em nossa vida é balanço e equilíbrio.
Afinal, de que seriam feitos os nossos sonhos, Se não houvesse pedras para suplantá-las?