Nunca fui um bom vendedor. Quando menor, em tempos de Sévigné, a Junior Achievement este por lá e ofertou no contraturno uma experiência empresarial. Diversos colegas e eu fomos veementes na resposta: não. Por quê, meu Deus?
Quando resolvi lançar a campanha de financiamento coletivo para o box “Escritos das pandemia”, fiz um caminho até que razoável para chegar ao público: enquetes no Instagram e no Facebook, que partiam da recompensa maior até os valores que seriam investidos. Uma quantidade bem razoável de pessoas respondeu e cheguei à conclusão de que seria interessante partir para este modelo de oferta.
A primeira semana de campanha foi bem entusiasmante, pois diversas pessoas responderam ao chamado e apoiaram a causa. No entanto, nas duas posteriores, a densidade de pessoas visitando o site e apoiando, consequentemente, caiu bastante. Chegamos no último final de semana, sofregamente, aos 20% de arrecadação.
Claro que diversos fatores negativos que passam longe da campanha influenciam isso: ainda estamos em meio à pandemia, o setor econômico ainda não engrenou conforme era esperado, diversas condições de trabalho seguem instáveis, enfim. Mas há contrapartidas muito claras, que mostram a preferência das pessoas sobre o que investir: declaram suas contas nas redes, dizendo de onde veio a última janta, ou indicando sua última aquisição eletrônicas, ou mesmo para onde passeou nos últimos dias (e não deveria ter ficado em casa, criatura?). Todos têm as suas preferências.
Alguém poderia me dizer o seguinte: “Lucas, ninguém é obrigado a participar da tua campanha.” E é verdade. Ninguém é. Então, vamos ser claros: não me diga que tu investirás, caso não tenha a intenção de fazê-lo. Houve pessoas que me disseram não investir agora por falta de grana – totalmente compreensível, como já disse. No entanto, aqueles que virtualmente te dão o tapinha nas costas e dizem “vai lá, vou te apoiar” precisam botar a mão na consciência e pensar: será que a pessoa tem noção de que há um trabalho árduo e um gasto grande por trás deste pedido de financiamento coletivo? Pensa bem.
Justamente estamos nessa campanha por não haver grana para proporcionar tudo o que foi exposto nela. Foi um momento excepcional de trabalho (de exceção mesmo), por escrever tanto em pouco tempo e ainda querer dividir com as pessoas, mas aí é culpa minha. Agora, vir me dizer que vai apoiar algo que depois não passa nem batido por suas vistas… Bem, aí fala muito mais sobre quem age dessa forma do que pela própria campanha, certo?
Caso ainda tenha interesse em participar da nossa campanha no Catarse, o “Escritos da Pandemia” segue até 28 de abril disponível para apoios! Clique no link que está na capa do site e venha conhecer. 🙂