A técnica dos seis parágrafos

Uma das melhores coisas que fiz até hoje em matéria de escrita certamente foi “O fim de Alice”. A reação dos leitores que me escreveram no Mural de Recados ou nas redes sociais foi, numa maioria absoluta, um motivo gigante de alegrias intensas.
Foi um momento diferente, novo, o da produção, em que lançava meu primeiro livro e queria muito dar sequência à produção literária. Diferentemente do primeiro, poético, eu ansiava por algo diferente – uma narrativa, na verdade. Uma dúvida, porém, me deixava remoendo pensamentos: como faria a escrita deste livro, se há anos escrevia poemas e textos mais curtos?
Lembro que, à época, eu explorava bastante a escrita diária de poemas e os expunha em rede social. Volta e meia algum retorno mais simpático de um ou outro leitor acontecia, denotando que algumas pessoas ao menos acessavam aquele texto. Decidi que seria por lá que começaria minha produção narrativa.
Na mesma época, o Tailor Diniz, um escritor que aprecio bastante, escreveu no Correio do Povo um folhetim literário, durante a Feira do Livro corrente, e lançou a partir dele o livro “Crime na Feira do Livro”. Ele escrevia capítulos diários e os compôs ao final, dando os alinhamentos necessários para a narrativa seguir seu eixo do princípio ao fim. Este “suporte” também me guinou à escrita de “O fim de Alice”.
Tendo a ideia da obra e já pensando como desenvolvê-la, eu precisava naquele momento de uma técnica que me fomentasse a escrita, que me deixasse sempre apto a escrever e continuar contando sobre aquilo que desejasse expor sobre a Alice, o Ícaro, o livro de Ecila, Senhor D. A partir disso, surgiu o que estou agora chamando de “técnica dos seis parágrafos”: decidi que escreveria seis parágrafos por dia, que envolvessem uma trama suficiente para dar as informações mais relevantes sobre o que o capítulo traria. Distribuí os parágrafos entre particularidades narrativas (avanços da história), reflexões das personagens, tensões psicológicas, remontagens de passado, entre outras ideias que compunham a obra. Com isso, tive subsídios para escrever aqueles seis parágrafos diários (que aumentaram com o tempo, graças à prática), revezando as peculiaridades que foram pertinentes à cada seção.
Preciso reavivar essa maneira de escrever. Nos últimos tempos, me voltei aos contos novamente – e acho que eles são uma maneira de manter a produção intensa, mas que pode se qualificar mais. Tenho vontade de botar novamente num livro uma nova narrativa longa (e olha que não faltaram tentativas nos últimos tempos), mas talvez precise relembrar um pouquinho daquele desejo de escrita que me cativou uma nova forma de produzir literatura. Quem sabe em breve isso não ocorra?

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